Meu querido Sr. Leão

Hoje teve Mar.
Caminho e acento andaram na nossa vista, mostrando o desenho de olho dos pescadores. História de mar conta-se no mar. História de terra conta-se na terra. Junto com o Nel foi o Eurean, pai de Letícia e pescador mais novo de Caetano de Cima. Fomos atrás de Novinho que, muito longe, retirava o material. Um contador de histórias que não perde a deixa. A caçuera brilhou.

   Tem coisa que não dá para contar.


Um sentir-se parte do mistério. Um nem sei que de infinito.

Nel contou história de encantamento com olho de quem já viu. A verdade não está no acontecimento, está no olho.

O entendimento de corpo demorou a sair do mar. Mais do que o corpo mesmo. Essa confusão deu motivo para Dona Luísa servir sua sabedoria de folhas e plantas. O limão de Dona Luísa presenteou a retirada do meu enjôo. Tenho que retribuir a visita.

Chegou Seu Chico Quirino. Nel e Seu Chico trocaram conto aqui e acolá. Ganhar a morte, enganar o Diabo, macaco, onça, jabuti, neguinho encantado da meia noite. Foram até o Maranhão e voltaram antes de anoitecer. Seu Chico brilhou o olho fazendo a dança do coco brincar em mim. Aprendi. Depois desencantou na noite. Até domingo.

Ficou eu, Edineide e Sandrinha, brincando de cantar, contar história, saber do mundo de dentro pelo mundo de fora. Fizemos peixe apimentado na medida certa. O peixe que eu pesquei com a mão.

Se é verdade que eu pesquei? Claro que é Sr. Leão. Uma verdade tão necessária quanto você.

Xeru,
Borboleta.

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