Oi, Sr. Leão.
Os últimos dias foram de muitos buscados e alguns bons achados. Entre buscados e achados minha cabeça perdeu espaço de vazio para te dizer do mundo. Mas tô aqui.
E por falar em espaço, já contei da alma das pedras?
buscando o esbranquiçado de areia. Isso é sinal de que tem polvo se escondendo. Achando se espelha o fora da loca com siri ou outro polvo já catado. Chama fiiuuu fiiiiuuuu pra sair. Às vezes sai e Vanda cata. Às vezes fica desconfiado e não sai. Nisso Vanda enfia a mão na loca pra catar na unha. E cata. Seu catar vira cuzcuz, com arroz ou ensopadinho com verduras. Vanda engorda a alma da gente.
Uma fábula de existência:
Mesmo quando temos muito poder de fora. Creio até que o poder de fora diminui o poder de dentro. Mas quando as pequenas comunidades se juntam podem ficar fortes dentro e fora. Assim como quando o mar se junta pode fazer um país inteiro virar mar também. Sendo bom ou ruim, poder sempre pode.
Na paradinha do café,
Meu amor, você não sabe quem eu acabei de encontrar: Zeca Pagodinho! Esquentando a nova caixa de som do Grupo de Mulheres.
Suspeito que também aqui, mesmo quando só sobra o bagaço da laranja, o povo canta sem vacilar, sem se exibir, só pra mostrar que também faz parte do tempero. E como faz.
Eu aqui, e acolá da areia pescadores me pastoreando. Cada um inventando o outro.
Depois do sol
O óbvio é meu brinquedo favorito.
Meu amado Sr. Leão,
Conheci o Seu Luís
Um homem de verso bom
Me contou que nos seus versos
Ele tirava era som
Explicou que a maneira
De violeiro ganhar
Era juntar povo todo
Pro chapéu colaborar
Cada um dava um tanto
Via a viola cantar
Disse que só parou
De fazer a cantoria
Porque a Dona Tereza
Não gostava da folia
Então resolveu guardar
A viola, sim senhor
Que desses versos nenhum
Valia mais que o amor
Mas ele me disse isso
Com o olho cheio de dor
Desconheço porque D’ Tereza
Não gostava da viola
Talvez nem ela mesma
Saiba o porque disso agora
Têm umas coisas que ficam
Têm outras que vão s’embora
Já no meu caso te digo
Com muita satisfação
Verso que faço e refaço
É tudo pro meu Leão
Quando o sol azular
E o mar endurecer
Quando elefante voar
E a lua apodrecer
Nem se chegar esse dia.
Vou esquecer de você.
Beijo,
Olha, Sr. Leão,
Hoje será o primeiro encontro só com os participantes do Laboratório.
Conheci a Aldênia. Veio da renda de bilro da comunidade de Maceió. A almofada de bilro é brinquedo de fazer renda e música.
Ah! Senhor Leão. Queria muito que você estivesse aqui.
Xeru,
Borboleta.
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