Meu amado Sr. Leão,
Essa terra demais combina com seu olho marisquento.
Hoje acordei antes do rabixo do sol, botei biquíni e saí pelo caminho do nascente. Vi o céu desaquarelar até subir o dia. É essa selva aqui que você merece. Aqui a água do mar é sempre morninha.
Busquei.
A trilha começa pelas moitas, entra pelas dunas e passa pela Lagoa de Dona Mariquinha. Nesse ponto a gente descansa o restinho de saudade que a Lagoa deixou antes de voltar para o mar. Depois sobe o Morro da Mala, lê o “m” desenhado de areia e tenta enxergar a luz que indica onde está o tesouro que o morro guarda. Daí entra pela estrada que passa na frente do Ponto de Cultura “Abrindo Velas, Pescando Culturas” e pela Escola do portão aberto.
É isso mesmo, Sr. Leão, aqui a Escola tem portão aberto.
Bebemos água e seguimos até achar o caminho que fica do lado da casa do Zé Nel. Aquele moço sisudo da reunião da quarta feira que fincou opinião para as crianças participarem, e que, depois descobri, também é cordelista. Pois esse caminho é cheio de murici, redondinha de gostosa.
O próximo canto era para ser a beirada do cemitério, mas inventei de irmos por dentro. Edineide esquisitou, mas aceitou, era dia.
Antes ninguém queria, era tudo areia. Quando a Vera guardou sua filhinha nesse canto, o povo gostou de guardar também e ficou sendo. Mas só guarda de quando em quando porque aqui o viver é esticado.
Aqui, meu querido Sr. Leão, você pode passear por suas idades até o dia de ir para onde todos vamos. E até para esse dia aqui tem canto.
Mais um punhado de dunas e chegamos na Lagoa Grande. Fiquei pequena lá. Bananeira, quem fica mais tempo debaixo d’água, quem nada mais, corrida. Risada risada até avistar o carro de boi, nossa carona para casa.
Xeru,
Borboleta.
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