Hoje acordei 05:25 da manhã, abri a janela, vi o céu aquarelado, na beirada de amanhecer.

- Ciências de Pescador ou da Geografia de olho do Nel:

Para colocar a caçuera no mar é preciso decidir um caminho e um acento. Primeiro se vai pro mar sem nem olhar pra trás. Quando chegar bem em cima do mar aí se olha pra trás e mira um coqueiro alto. Nisso tem que fazer esse coqueiro andar até a biqueira da casa de Neide. É nessa hora que mora o mistério: Coqueiro não anda, quem anda é quem está no mar. Então do mar mesmo o pescador bota o barco de um modo que veja a praia como dito. Chegando aí metade do caminho está andado. Agora é fazer o acento, porque de outro modo o pescador pode seguir em frente toda vida até aportar na África, que seria até bom negócio, mas não é esse o caso. O acento é um segundo caminho, igualzinho no modo de escolher e alinhar, podendo ser até menorzinho, pra dar mais precisão. Os pescadores daqui alinham em um morro com umas moitas. Pronto. Agora se pode guardar a caçuera no ponto certo que o mar devolve.



Ontem fui na escola daqui. 23 alunos em toda a escola. A escola tem turmas mistas. Muita árvore frutífera plantada. Muita terra. Crianças atentas, se sentindo conhecidas. Entre as árvores Valneide mostrou o urucum, usado pelos índios para dar boa sorte às batalhas. No caminho para chegar na escola encontramos Seu Vitor. Ele falou da comunidade e da relação entre os povos. Falou dos problemas e da história do Assentamento. Aqui o povo todo fala, participa, se coloca, não é só um ou outro que decide. Aqui representante é representante mesmo, não é dono.

Valneide e Seu Vitor me explicaram algo que, às vezes, fica misturado para mim. Que Sabiaguaba é nome da comunidade, do Assentamento e do Distrito, composto por várias comunidades. Isso confunde mesmo. O Assentamento é formado pelas comunidades de Pixaim, Matilha e Caetano de Cima. Quando escrevo Sabiaguaba, as vezes quero dizer Caetano de Cima, as vezes falo do Assentamento, as vezes do Brasil inteiro.

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