Olhe, Sr. Leão, Tem dia que acordo já te saudadeando com poema. Hoje é um desses dias.

O bonito não é a coisa em si, é o jeito que a gente olha, o modo como se vê e faz ver. Ver é uma benção. Fazer ver é obrigação.

Eu estava, até agorinha, passeando pela praia, andando na areia, para fazer meu pé voltar a querer dançar. O resto do corpo já quer, só falta pé mesmo. 

Quando a gente está onde está de verdade o mundo nos mostra o que tem que ser. O jeito que as coisas querem existir. Em Sabiaguaba, as pedrinhas coloridas da praia, de manhã, imitam o desenho estrelado da noite. Quando junta as pedrinhas, a areia e o reluzente da beirada da maré, a praia de Sabiaguaba fica mais céu que o próprio céu. A natureza por aqui tem desses milagres.

Foi prestando atenção nos milagres daqui que me veio o corpo daquela idéia de quando ainda estava no Rio de Janeiro. Algo simples e justo que possa envolver toda a comunidade: Escrever e desenhar nos morros utilizando as pedrinhas da praia.

Durante a galinha caipira, antes do café.

Meu querido Sr. Leão,
Você já sabia, Diversidade é conflito.
Eles foram primeiro nos símbolos, depois no povo. Os policiais de Fortaleza quebraram a Nossa Senhora e rasgaram as bandeiras. Eles são pagos com nosso dinheiro. Mas defendem o Pirata. Eles são nossa gente, mas defendem o Pirata.

Valneide brilha os olhos pra contar como foi. Ela diz que o povo quase pegou o Pirata. Se pegasse, cortaria seu cabelo. O Pirata é conhecido no país como protetor do meio ambiente. Mas no meio ambiente do Pirata só cabe ele. Agora tem Internet na comunidade e Valneide pode mostrar sua versão. Tem desperdícios que engrandecem o mundo inteiro.

   A versão de Valneide vira verso dentro de mim.

Xeru,
Borboleta

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