Meu querido Sr. Leão,


Fizemos a reunião com a participação de poucas pessoas da comunidade. Entre elas o presidente da associação de moradores, um homem sisudo que mais ouviu do que falou, e que, no final, cedeu o tempo da próxima reunião da associação, na quarta feira, para que eu mostrasse o filme “Narradores de Javé” e falasse sobre o projeto para toda a comunidade.

Valneide é líder comunitária, artista, mãe e mulher. Ser isso no Ceará é cruz e troféu numa barca só.


Conheci Dona Maria de Fátima, uma senhora de rosto desenhado pelo tempo. Ouviu, atenta e quase invisível, a toda a reunião. Depois me catou para dizer mansinho seu querer participar. Dona Maria de Fátima é uma pessoa concha. Seus olhos e ouvidos tecem um fio perolado que ela guarda dentro de si. Quando esse fio se desabrochar vai ter renda para enfeitar o mundo todo.


Conheci também Ieda. Ieda desenha no bilro. Ieda gosta de arte. Ieda quer, mas esta enferrujada. Uma ferrugem medo de nem sei o quê. Uma ferrugem que passa no fazendo, foi o que Valneide disse.


Valneide canta músicas que ela compôs. Músicas da terra e da vida, dos costumes e porquês de um povo com fala rebolada e vontade firme. 


Almoço, Sr Leão.
Servido? Peixe, baião de dois, doce de caju.


Xeru,
Borboleta.

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